Tudo começou com um baixo de 5 cordas "Ibanez". Felicidade; Logo após o desânimo e larguei-o. Foi então que levei uma porrada na cara: confirmado Paul McCartney em POA. Veio o desespero, pois estava sem trabalho e sem grana; sem grana, sem ingresso. E agora? Veio o dinheiro e se foi o baixo que me deu muitas alegrias.
Foi então que levei uma apunhalada no coração: enem, dias 6 e 7 de novembro, Paul McCartney dia 7 de novembro. Para um vestibulando beatlemaníaco foi um golpe desleal. Ok, farei o – vergonhoso - enem. Seis de novembro lembro de acordar às 8h da manhã com um pouco de nervosismo, mas tava tranquilo. Meio-dia, fui para a escola e comendo 1 saco de bala sozinho consegui manter a concentração para a prova. Cheguei em casa cansado, com fome, ansioso e angustiado por causa do show. Me saí bem na prova. Porém, a atmosfera naquela semana vinha de Liverpool, O homem de lá iria fazer uma apresentação única, um ídolo meu e de minha Mãe estaria lá daqui a algumas horas! Domingo seis e meia da manhã “acordei” pois não havia dormido direito com uma dor abdominal horrível, nervoso e ansioso por tudo o que aquele dia me reservaria. Fiz a segunada prova (amarela nos 2 dias) com muito nervosismo, já não agüentava mais de ansiedade. -Cinco e meia, me avisou a fiscal. Preenchi a grade e terminei a redação.
Dois ônibus até o estádio Beira-rio, onde algo grandioso iria acontecer. Logo que chego, me atraco na camiseta com a foto DELE e a logo da turnê estampada. Euforia e ansiedade, o relógio marcava 18:25. –Onde fica o portão 7? Gritei pra tudo quanto era lado. Corri e comprei um suco, que seria a única coisa que beberia até meia-noite, e achei a fila. Ufa! Ali acabara de fazer amizade com umas 10 pessoas, todas nervosas por que fila não andava! Já eram 19 horas! 2 minutos após minha chegada na fila já chegaram umas 40 pessoas atrás de mim. Na rua ainda haviam filas enormes, que davam voltas e mais voltas.
Na fila foi só diversão, o pessoal muito louco, bebendo, falando bobagem, uns levando os filhos de 11 anos e muitos que compraram guarda-chuvas para agüentar os 37ºC da fila descartavam-no à medida que entravam nos portões do entádio. Fui o fotógrafo oficial da fila (hehe), apareci na TV e vi gente famosa, porém, nem liguei pra isso. A multidão andou, adentrei ao estádio e me despedi dos amigos da fila. Sessenta e seis mil pessoas eu vi logo ao passar pelo portão principal. –Putz, não vou conseguir ver direito, é tarde (20:30) tem muita gente, maldito Enem!!! Fui pela direita e fiquei em um lugar ruim com uma pilastra na minha frente, tentei ir para a arquibancada, lá pelo menos viria alguma coisa, que estava meio vazia e não deixaram. –Não vou desistir, pensei. Vi um cara com uma pu%@ duma câmera entrando na multidão pela esquerda, me fiz que o conhecia e fui no vácuo dele. Conclusão: fiquei quase na grade que separava a pista da área vip, logo, fiquei bem posicionado, mesmo muito atrasado.
O SHOW COMEÇOU com uns 5 min. de atraso (estava muito ansioso) com “Vênus and Mars”. Todos na ponta dos pés para ver Paul McCartney com seu baixo Hofner (vendi meu baixo para ver o baixista), ali eu vi que cada centavo valeu a pena, que todo o nervosismo havia passado, a prova vergonhosa já não me preocupava mais, nem fome nem sede mais e todo o mês se resumia naquele momento. Me falaram do ponto alto do show, para mim não houve ponto alto, o show foi o ponto alto! Todas as músicas foram impressionantes. “Mrs vanderbilt”, que eu não curtia muito, foi uma das melhores e mais interativas com o público. “Yesterday” foi exatamente como sonhei: o palco escureceu aquele círculo de luz iluminando Paul que tocava com seu violão somente. Gritávamos (todo o estádio: Ah, Paul é gaúcho), foi então que ele repetiu junto, muita emoção e choro. A banda então nem se fala, o baterista mais carismático que já vi; o guitarrista, Rusty Anderson, brilhou em “Something” ,em homenagem a George Harrison, todos excepcionais. “Here Today”, em homenagem a John Lennon, foi uma das mais emocionantes, contudo alguns não cantaram talvez por não conhecerem ou por respeito. Porém, naquela altura faltou alguém, sim, meu amor, comecei a pensar na Marina, foi então que Paul anuncia: “essa musica fiz para minha gatinha Linda, mas essa noite, ela é para todos os namorados”; o cara de Liverpool começou a tocar “ My Love” então liguei para ela ouvir (ela não pode atender mas valeu muito e hoje, após o show, sinto que a amo mais ainda).
De todas as 36 músicas, certamente que daqui a 10 anos todos irão lembrar primeiro de “live and let die”, bem, não tenho como descrevê-la com palavras e nem vou tentar, quem estava lá sabe o que foi, se ele tivesse tocado só essa já estava valendo a noite, na internet tem vídeos, mas só quem estava lá sabe. “Helter Skelter” foi demais! “SGT Peppers” imendada com “The End” encerrou o show. Foi demais, surreal, algo que nunca mais me esquecerei e contarei aos meus netos e para VOCÊS! Tentei resumir aqui algumas coisas, mas não ia dar espaço nem tempo pra falar tudo o que senti, o que fiz e o que passei nesse show, só sei que me sinto muito melhor.
“E no final, o amor que você recebe, é igual ao que você faz”.
Obrigado Paul McCartney.
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